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O projeto orientalismo vincula-se ao espaço dos estudos das sociedades afro-asiáticas, com ênfase nas culturas do Médio e Extremo Oriente. Recentemente, o escopo da disciplina Antiguidade Oriental tem sido ampliado para incorporar as experiências humanas africanas e asiáticas em suas origens e dimensões globais, promovendo uma descolonização da episteme histórica eurocentrada.  Nesse sentido, o projeto busca desenvolver e aperfeiçoar as dimensões dessa disciplina, reorientando-a no sentido de compreender nossas heranças afro-asiáticas no campo das ideias, religiosas e cultura material. No mesmo sentido, buscará promover disciplinas eletivas que contemplem o estudo da Ásia e suas mais diversas culturas em abordagens interculturais e multitemporais.

Os atuais currículos de história usualmente contemplam a Antiguidade Oriental do ponto de vista eurocêntrico e vinculado a formação de um cenário pré-clássico Greco-romano, relegando-a a um papel secundário no processo de desenvolvimento da Humanidade. No caso específico da UERJ, Campus Maracanã, tem-se desenvolvido o trabalho de implementar uma nova visão descolonizada dos estudos ‘orientais’, ou seja, que contemplam de forma pluridimensional as heranças culturais e intelectuais das civilizações africanas e asiáticas. Na disciplina Antiguidade Oriental, lecionada no curso de História, os estudos sobre Pérsia, Índia e China tem sido promovidos, no intuito de estimular os alunos a alargarem seus horizontes conceituais e humanos. Concomitante ao trabalho específico dessa disciplina, cursos eletivos tem sido oferecidos para proporcionar visões multidiversas das histórias asiáticas, complementado o processo básico de formação, e cursos de extensão buscam ainda alcançar o público da comunidade (e fora dela) para as necessidades de conhecer mais sobre multifacetado ‘Oriente’. Ademais, a experiência adquirida no trabalho via rede será empregada para expandir o conjunto de possibilidades interativas [eventos, cursos e difusão de materiais].

Destaca-se a o número extremamente reduzido de iniciativas voltadas para a produção de materiais de pesquisa e ensino voltados para a graduação no campo das sociedades asiáticas. No contexto atual, há um número razoável de publicações sobre China (e em menor número sobre Índia), voltadas para Relações Internacionais e Economia (com as quais pode-se estabelecer um diálogo interdisciplinar), mas de linguagem e acesso restrito. O campo da Antiguidade Oriental conhece já uma tradição de pesquisadores voltados para o Egito, Mesopotâmia e Israel, mas seu número também é escasso. As origens dessa condição estão ligadas historicamente a formação do currículo, que naturalmente excluiu as culturas africanas e asiáticas, voltando-se para uma ênfase nas tradições ‘ocidentais’, dentro de uma lógica de construção cultural eivada do século 19 (Funari & Garrafoni, 2004; Faversani e Lopez, 2020).

Cumpre salientar, portanto, que o Projeto Orientalismo atua em espaço onde as experiências sobre ensino ainda estão em desenvolvimento. Para além e tão somente da utilização dos manuais, é necessário a criação de meios e instrumentos para o estudo das narrativas asiáticas, incluindo aí suas produções textuais e materiais. Ademais, o aprendizado da língua (como no caso, o chinês) permite o acesso a um amplo acervo textual que pode ser traduzido e disponibilizado ao público, criando os caminhos para o despertamento de interesse por parte do público universitário e da comunidade. Concomitante ao processo de ensino acadêmico, buscar-se o desenvolvimento de novas estratégias de ensino e aprendizagem adequadas a divulgação dessas culturas, tendo em vista duas dimensões históricas alternativas as nossas (Schimidt, 2009). Estudos sobre a importância das culturas asiáticas e seu ensino (Fonseca, 1999), bem como estratégias de ensino para as sociedades asiáticas estão em desenvolvimento (Bueno, 2017 e 2018; Degan e Silva, 2021), mas as discussões são recentes e indicam o panorama a ser desenvolvido. Nesse sentido, o projeto Orientalismo torna-se referência num campo a ser consolidado.

Clique aqui e acesse o arquivo completo do Projeto Orientalismo-Prodocência.

Integrantes

Prof. Dr. André Bueno [Coordenador]; Letícia Pereira Capello [Letras Japonês]; Vivianne Almeida Barbosa [História]; Vittoria Sampaio [Arqueologia]; Victor Correia [História]; Roberta Soares da Silva [História].


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